Chorale

Nunca saberás as minhas lágrimas. Nunca soubeste. Vês-me um ser ligeiro e leve, sorridente, um pouco doido, e é como se o peso que se esconde no olhar que subitamente baixo não existisse, como se não fosse verdadeiro pesar. Porém, é.

Há nessa tristeza oculta um baixo contínuo que só eu sei e ouço. E gosto tanto. Mesmo que seja mágoa de água, um ribeiro subterrâneo a caminho de uma foz longínqua que podia estar mesmo ali – e sei que está! – mas tornada inatingível pelo obstáculo súbito de um não querer ou não ser capaz de ver. E estás mesmo ali. Aqui. Se estivesses numa linha do horizonte serias igualmente inalcançável. Fica muito longe, mesmo em ti.

Agnes Rubra